Manaus (AM) – O governo do Estado do Amazonas adotou uma nova estratégia de fiscalização que tem
gerado polêmica entre motoristas e especialistas em mobilidade. Vans equipadas com super-radares estão circulando em pontos estratégicos das cidades para identificar e multar veículos com licenciamento atrasado.
Na prática, o cidadão que já enfrenta dificuldades financeiras para quitar os débitos obrigatórios acaba sendo duplamente penalizado. Além da dívida acumulada, ainda recebe uma multa pesada, que aprofunda a crise no orçamento familiar.
Moradores têm classificado a medida como uma verdadeira “caça ao endividado”. Para muitos, trata-se de uma punição por não ter dinheiro. “É como se o governo dissesse: você está pobre, então será multado por isso”, desabafou um motorista que preferiu não se identificar.
A política de fiscalização é atribuída diretamente ao governador Wilson Lima, acusado por críticos de transformar a crise econômica da população em uma oportunidade de arrecadação. “O amazonense já enfrenta desemprego, inflação e dificuldades para manter as contas em dia. Agora o governo aparece para penalizar ainda mais, como se fosse uma perseguição contra quem está em situação de vulnerabilidade”, comenta um analista político.
O uso das vans de super-radares levanta ainda questionamentos sobre a função social da cobrança. Embora a regularização do licenciamento seja obrigatória por lei, especialistas alertam que o poder público deveria oferecer alternativas de negociação e facilitação de pagamento, em vez de empurrar cidadãos já endividados para uma espiral de punições.
Enquanto isso, nas ruas, o clima é de revolta. Para muitos, a medida evidencia um distanciamento entre o governo e a realidade vivida por grande parte da população do Amazonas, que luta diariamente para manter o básico em ordem.
Por Anderson Batista
